Por
PATRICIA LINS
História,
drama, romance, família, ditadura militar, violência, morte, perdas, mudanças, inquietação,
questionamentos, reflexões, emoções, sentimentos, dúvidas, injustiça... Todos
estes elementos, e muito mais, compõem o segundo romance da escritora, poeta e
psicóloga Morgana Gazel – pseudônimo literário de Noemia Nocera.
Seu
estilo literário leva-nos a ter vontade de ler e ler e ler até o fim, por
sinal, bastante incomum. Como fez em seu primeiro romance “Enseada do Segredo”,
Morgana Gazel nos conduz, no “Liberdade Negada”, num ritmo dinâmico a um ápice
inesperado e a um final que nos deixa boquiabertos, tamanha a capacidade da
escritora em surpreender.
A
obra retrata a história de Sara. Aos 11 anos de idade, ela vive feliz com sua
família, quando estoura o golpe militar de 1964. Aos 17 anos, envolve-se com um
militante da esquerda e comete um erro imperdoável aos olhos dos guardiões do
regime, entre eles o seu pai, tenente-coronel do exército. Após alguns dias,
percebe que, na escola, está sendo seguida por pessoas misteriosas. Às
escondidas, a mãe e os tios enviam-na para outro país. Este livro de forte conteúdo
psicológico, histórico e cultural, é o segundo de uma trilogia que teve início
com Enseada do Segredo (2008) e que se completará com A Carta da Mãe, novo
romance já iniciado.
Em
suas histórias inventadas, Morgana Gazel consegue traduzir em palavras os
dramas humanos reais. Assim como “Enseada do Segredo”, romance mais leve, ainda
que com conteúdo profundo, o “Liberdade Negada” (Cogito Editora) é
ambientado na época da ditadura militar. Neste, porém, ela penetra mais
intensamente naquele período. E nos conduz numa viagem no tempo sem que
percebamos que estamos saindo daqui, do presente. É tudo tão real e
“cotidiânico” - sentimos como se estivéssemos vendo acontecer em real time - que impressiona.
Impressionar, surpreender..., estes adjetivos não são fortes o suficiente para qualificar
o trabalho dessa autora.
A
obra tem o prefácio do escritor e doutor em literatura Carlos Ribeiro, que
compara o livro com um dos mais interessantes
filmes contemporâneos, A vida
secreta das palavras (2005), da diretora espanhola Isabel Coixet. Ribeiro
destaca que “pelo traçado da obra, pode-se
acreditar que Morgana Gazel, percebe a palavra e o ato de narrar como
instrumento para a cura emocional e espiritual”.
PATRICIA LINS /
PUBLICITÁRIA, RELAÇÕES PÚBLICAS, RADIALISTA, BLOGUEIRA, PROFESSORA E POETA.