22 de janeiro de 2012

O músico que compõe músicas no palco.


O músico, poeta e jornalista Anand Rao possui um talento inusitado: musica poemas na presença do público, ainda que nunca os tenha lido. Pede apenas que tenham no máximo dez versos. Faz o mesmo, usando falas, recados e outras expressões verbais, tornando seu show interativo e divertido.

Começou a compor e se apresentar em 1979. Publicou 20 livros e lançou 50 cds de forma independente. No início ele compunha em casa, harmonizava e criava melodias para letras de outras pessoas ou de sua autoria. Apresentava-se nos circuitos universitários, Sala Funarte, etc.
Foi também músico profissional da noite onde tocou MPB por quase dez anos. Vendo que este trabalho não o satisfazia, procurou um diferencial e descobriu seu potencial para fazer músicas na hora com vários ritmos e acordes, que não poderiam ser caracterizadas como repentes ou raps. Ele costuma dizer que este trabalho é do gênero MPBJazz. Nos últimos dez anos é o que tem feito, apresentando-se em todo o Brasil.

O próximo show de Anand Rao será no dia 26 de janeiro (quinta-feira) às 19 horas, no teatro da Livraria Cultura, no Salvador Shopping, Avenida Tancredo Neves, 2915, em Salvador/BA.

Nesta apresentação, que está suscitando muita expectativa, Anand Rao musicará poemas de vários autores. Vou enviar um de minha autoria, espero que ele o aprove e o torne a letra de uma bela melodia.

Meu poema:

 

Mundo

Ó mater nutriz
em incansável viagem
Majestosas são tuas belas vestes
a lua, a poesia, o canto e o romance
o azul-céu, verde-mar, os raios de ouro
Por que permitiste que o algoz Tânatos
transformasse em feras tantos humanos?
Em feras enlouquecidas e ervas daninhas!
Urge que expulses este deus, não hesites!
Há mil eras leva homens a te destruir
A vida implora socorro, aos gritos
em várias línguas, até das pedras
São os últimos ais de agonia
Reage, planeta Terra!

Morgana Gazel

16 de janeiro de 2012

A literatura e o mundo dos livros estão de luto!



Do Estadão: George Whitman, dono da mítica livraria Shakespeare   & Company de Paris, morreu aos 98 anos em seu apartamento. Ele morreu por complicações após um derrame sofrido há dois meses, segundo o New York Times.

Whitman sofreu um derrame em outubro, mas se recusou a ficar no hospital e exigiu ser levado para casa, que fica acima da livraria. A loja foi fechada nesta quinta-feira. Na porta, velas, flores e romances foram depositados junto ao anúncio da morte de Whitman. Bilhetes com homenagens foram coladas, com agradecimentos e elogios.  

A loja, aberta em 1951, na margem esquerda do rio Sena, era abrigo de escritores em início de carreira para que terminassem seus romances. Além de ser palco de chás literários e encontros com os mais diversos autores, conhecidos ou não.

Whitman nasceu em Nova Jersey, nos Estados Unidos, em 12 de dezembro de 1913, mas passou parte da infância na China. Mudou-se para Paris em 1948, tendo uma bicicleta e um gato como as suas únicas posses, como ele descrevia.

Abriu a livraria Le Mistral em 1951 e a rebatizou anos depois como Shakespeare & Company. A loja era frequentada por James Joyce e Ernest Hemingway antes de ser fechada durante a Segunda Guerra mundial.  

Mais tarde, virou ponto de encontro de escritores como Arthur Miller, James Baldwin, Samuel Beckett, Anaïs Nin, Lawrence Durrel, William Burroughs, Gregory Corso e Ginsberg e, consequentemente, ponto turístico dos apaixonados por literatura.

Whitman dizia viver de acordo com o lema tirado de um poema de W.B. Yeats - "Não seja inóspito a estranhos, pois eles podem ser anjos disfarçados" -, Whitman ajudava artistas desconhecidos em troca de ajuda na loja ou na cozinha. Centenas de pessoas deixaram notas contando suas histórias de vida.

Que Deus o tenha, George!

(Artigo extraído do "Blog" Mundo Editorial)

Em Salvador / BA, conheci um livreiro que age, com novos escritores, de forma semelhante a George Whitman. Anos atrás, eu havia acabado de escrever o texto do meu primeiro romance e não sabia o que fazer, a que editora enviá-lo. Uma amiga sugeriu que o mostrasse a este senhor, proprietário da livraria Jhana, que me indicaria as mais adequadas. Ele fez muito mais. Folheou o texto e foi logo dizendo: “Tire esse título”. Depois perguntou: “Você está realmente disposta a investir neste projeto?”. Respondi: “Estou disposta a investir minha vida”. Após refletir alguns segundos, acrescentou: “Deixe o texto comigo, vou lê-lo, se for bom lhe darei algumas dicas”. O Enseada do Segredo, título aprovado por ele, foi publicado. Até hoje, quando o encontro, este senhor me dá valiosas dicas e, durante o tempo em que o livro esteve em sua loja, ele se empenhou em vendê-lo.

Que Deus Abençoe estes livreiros!


Morgana Gazel

5 de janeiro de 2012

Uma cena de amor / do romance "Enseada do Segredo"


— Você tem razão, pode contar a seus amigos e deixe que Tonico conte a Marisa. Assim me livro de Ana Paula. Mas peça que eles não falem disso aqui no subúrbio. Entende?

— Entendo. Quando eu voltar da viagem em condições de arranjar um trabalho, seus tios saberão, então todos poderão saber. Não é o que você quer?

— Você ainda está magoado?

— Não, se você está segura de que posso contar a meus amigos, me sinto bem melhor. Estava me sentindo um traidor.

A conversa morreu, Jéssica não teve pressa. Fred observou-a com atenção, ela estava tão bela e parecia tão frágil..., sentiu vontade de protegê-la. Puxou-a mais para si, Jéssica não se opôs. Acariciou-a, ela correspondeu. Aprofundou..., ela permitiu. Foi cuidadoso..., ela se entregou. Quando suas almas se uniram, eles flutuaram numa onda gigantesca, jamais vista no mar do subúrbio.