11 de dezembro de 2013

LIBERDADE NEGADA - Resenha publicada no jornal A Tarde, Salvador, em 10/12/2013.


Por PATRICIA LINS

História, drama, romance, família, ditadura militar, violência, morte, perdas, mudanças, inquietação, questionamentos, reflexões, emoções, sentimentos, dúvidas, injustiça... Todos estes elementos, e muito mais, compõem o segundo romance da escritora, poeta e psicóloga Morgana Gazel – pseudônimo literário de Noemia Nocera.
Seu estilo literário leva-nos a ter vontade de ler e ler e ler até o fim, por sinal, bastante incomum. Como fez em seu primeiro romance “Enseada do Segredo”, Morgana Gazel nos conduz, no “Liberdade Negada”, num ritmo dinâmico a um ápice inesperado e a um final que nos deixa boquiabertos, tamanha a capacidade da escritora em surpreender.
A obra retrata a história de Sara. Aos 11 anos de idade, ela vive feliz com sua família, quando estoura o golpe militar de 1964. Aos 17 anos, envolve-se com um militante da esquerda e comete um erro imperdoável aos olhos dos guardiões do regime, entre eles o seu pai, tenente-coronel do exército. Após alguns dias, percebe que, na escola, está sendo seguida por pessoas misteriosas. Às escondidas, a mãe e os tios enviam-na para outro país. Este livro de forte conteúdo psicológico, histórico e cultural, é o segundo de uma trilogia que teve início com Enseada do Segredo (2008) e que se completará com A Carta da Mãe, novo romance já iniciado.
Em suas histórias inventadas, Morgana Gazel consegue traduzir em palavras os dramas humanos reais. Assim como “Enseada do Segredo”, romance mais leve, ainda que com conteúdo profundo, o “Liberdade Negada” (Cogito Editora) é ambientado na época da ditadura militar. Neste, porém, ela penetra mais intensamente naquele período. E nos conduz numa viagem no tempo sem que percebamos que estamos saindo daqui, do presente. É tudo tão real e “cotidiânico” - sentimos como se estivéssemos vendo acontecer em real time - que impressiona. Impressionar, surpreender..., estes adjetivos não são fortes o suficiente para qualificar o trabalho dessa autora.
A obra tem o prefácio do escritor e doutor em literatura Carlos Ribeiro, que compara o livro com um dos mais interessantes filmes contemporâneos, A vida secreta das palavras (2005),  da diretora espanhola Isabel Coixet. Ribeiro destaca que “pelo traçado da obra, pode-se acreditar que Morgana Gazel, percebe a palavra e o ato de narrar como instrumento para a cura emocional e espiritual”.


PATRICIA LINS / PUBLICITÁRIA, RELAÇÕES PÚBLICAS, RADIALISTA, BLOGUEIRA, PROFESSORA E POETA.