Deus, onde te escondes?
Quanto busco um sinal de ti,
tua luz, tua palavra, tua presença.
Mas ouço apenas um sepulcral silêncio.
Seria tua morte ou tua indiferença?
Ou simplesmente foges de mim...
ou de tuas promessas?
Comigo um dia estiveste.
Indicaste-me o caminho a seguir.
Acaso pensas que não te reconheci?
Ando a buscar-te em pássaros e insetos,
crianças, velhos, moribundos, sãos,
na brisa, nas tempestades...
Jamais desistirei de ti.
Apresenta-te. Urge teu serviço.
Afasta ao menos rochedos impenetráveis,
árduos obstáculos, na estrada em que trilho.
É tua parte; de ti, basta um sopro, um gesto.
De mim, força dantesca seria exigida.
Ou planejas uma tal força
em mim?
Enlouquecestes?
Seria esta uma criação demoníaca.
Num comum mortal, o poder de Alighieri!?
Chega de criar! O mundo só precisa de reparos.
Também não te quero em mim... explodiria.
Quero-me em ti, dependendo de ti,
de tua sabedoria.
Apresenta-te, pois, e faze tua parte.
Morgana Gazel
(Esta poesia foi publicada pela CBJE, entre as melhores de 2009)