6 de junho de 2015

Apresentação do livro CRIAÇÃO



Este é mais um livro de Morgana Gazel. Desta vez trata-se de poesias. Como se quisesse deixar evidente este gênero, ela publica na contracapa o poema Mundo e, logo no início, apresenta a própria biografia em forma de poema. As demais  poesias são distribuídas em seções que contam a história da criação divina do universo com tudo que nele há, até a destruição do planeta dos homens. Este trágico percurso da civilização humana inicia-se com o uso da palavra e se finaliza com o apocalipse. 

No texto de dedicatória e agradecimento a Deus, a quem denomina Criador, transparece sua visão da realidade e fé inexplicável, quando diz:

 “Mesmo que a ciência conclua que a criação do mundo se deu de modo espontâneo, não abdicarei da fé que sussurra em minha mente ter sido este evento obra de um Criador. Mas há um corolário, decorrente da infinitude do universo, impossível de ser ignorado: a Terra não passa de uma partícula microscópica neste espaço sideral em que vivemos. Portanto diante de tal situação somos quase nada”.

E no final desse texto afirma: “A certeza é da mente, a fé é do coração”.

11 de dezembro de 2013

LIBERDADE NEGADA - Resenha publicada no jornal A Tarde, Salvador, em 10/12/2013.


Por PATRICIA LINS

História, drama, romance, família, ditadura militar, violência, morte, perdas, mudanças, inquietação, questionamentos, reflexões, emoções, sentimentos, dúvidas, injustiça... Todos estes elementos, e muito mais, compõem o segundo romance da escritora, poeta e psicóloga Morgana Gazel – pseudônimo literário de Noemia Nocera.
Seu estilo literário leva-nos a ter vontade de ler e ler e ler até o fim, por sinal, bastante incomum. Como fez em seu primeiro romance “Enseada do Segredo”, Morgana Gazel nos conduz, no “Liberdade Negada”, num ritmo dinâmico a um ápice inesperado e a um final que nos deixa boquiabertos, tamanha a capacidade da escritora em surpreender.
A obra retrata a história de Sara. Aos 11 anos de idade, ela vive feliz com sua família, quando estoura o golpe militar de 1964. Aos 17 anos, envolve-se com um militante da esquerda e comete um erro imperdoável aos olhos dos guardiões do regime, entre eles o seu pai, tenente-coronel do exército. Após alguns dias, percebe que, na escola, está sendo seguida por pessoas misteriosas. Às escondidas, a mãe e os tios enviam-na para outro país. Este livro de forte conteúdo psicológico, histórico e cultural, é o segundo de uma trilogia que teve início com Enseada do Segredo (2008) e que se completará com A Carta da Mãe, novo romance já iniciado.
Em suas histórias inventadas, Morgana Gazel consegue traduzir em palavras os dramas humanos reais. Assim como “Enseada do Segredo”, romance mais leve, ainda que com conteúdo profundo, o “Liberdade Negada” (Cogito Editora) é ambientado na época da ditadura militar. Neste, porém, ela penetra mais intensamente naquele período. E nos conduz numa viagem no tempo sem que percebamos que estamos saindo daqui, do presente. É tudo tão real e “cotidiânico” - sentimos como se estivéssemos vendo acontecer em real time - que impressiona. Impressionar, surpreender..., estes adjetivos não são fortes o suficiente para qualificar o trabalho dessa autora.
A obra tem o prefácio do escritor e doutor em literatura Carlos Ribeiro, que compara o livro com um dos mais interessantes filmes contemporâneos, A vida secreta das palavras (2005),  da diretora espanhola Isabel Coixet. Ribeiro destaca que “pelo traçado da obra, pode-se acreditar que Morgana Gazel, percebe a palavra e o ato de narrar como instrumento para a cura emocional e espiritual”.


PATRICIA LINS / PUBLICITÁRIA, RELAÇÕES PÚBLICAS, RADIALISTA, BLOGUEIRA, PROFESSORA E POETA.



7 de novembro de 2013

Book Trailer do Livro Liberdade Negada

Através de sons, imagens e palavras, você terá uma fantástica visão da história de Sara, a protagonista do romance Liberdade Negada, de Morgana Gazel.




17 de outubro de 2013

LIBERDADE NEGADA

Prefácio de Carlos Ribeiro
Jornalista, professor, ficcionista,
Ensaísta e doutor em literatura brasileira.
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Liberdade Negada
Neste segundo volume da trilogia iniciada com o romance Enseada do Segredo, Morgana Gazel afirma um fazer literário cuja principal característica é a de comunicar uma experiência humana intensa e rica, numa linguagem sóbria, acessível e despojada de artificialismos. Para a autora, a literatura deve atingir o maior número possível de leitores, razão pela qual é preciso conciliar simplicidade e profundidade, o que nem sempre é muito fácil. Tocar a sensibilidade do leitor que aprecia uma boa trama amorosa, por exemplo, pode ser o viés adequado, como no presente livro, para realizar, no decorrer da história, um objetivo mais ambicioso: o de proceder à escavação, gradual e às vezes perturbadora, dos conflitos e traumas de seus personagens.
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Carlos Ribeiro
Em Liberdade negada, o que se apresenta, inicialmente, como uma estratégia afetiva entre os protagonistas, Fred e Sara, desdobra-se em camadas nas quais se encontram significados cada vez mais complexos: da dimensão individual da misteriosa personagem feminina aflora uma dimensão política que estende suas raízes para os obscuros “anos de chumbo” da ditadura militar implantada no Brasil, em 1964. Procede, assim, a autora, a uma análise que ultrapassa a dimensão psicológica, pessoal, para radiografar as nefastas consequências advindas da intolerância ideológica – inclusive, e sobretudo, no âmbito doméstico, no espaço íntimo dos afetos familiares.
Nesse sentido, este livro é também um “romance de formação”, construído retrospectivamente através do depoimento – pungente e doloroso – de Sara ao seu amoroso interlocutor. Ao narrar a dramática travessia que realiza, desde o paraíso perdido da infância e adolescência, até o despertar de sua consciência social e política na relação com o pai, tenente-coronel do Exército, com a prima Maria Augusta e com o ativista político de esquerda, Flávio, seu primeiro namorado, Sara realiza sua odisseia pessoal em busca da compreensão e, consequentemente, da cura para a dor profunda que lhe foi infligida por sucessivas perdas e humilhações.
Morgana Gazel
Morgana/Noemia
Pelo traçado de sua obra, pode-se acreditar que Morgana Gazel (pseudônimo da psicóloga e matemática Noemia Meireles) percebe a palavra e o ato de narrar como instrumento para a cura emocional e espiritual. Nessa perspectiva, este livro guarda um interessante parentesco com um dos mais interessantes filmes contemporâneos, A vida secreta das palavras (2005), da diretora espanhola Isabel Coixet. Em ambos os casos, as duas protagonistas femininas (a enfermeira Hanna, personagem do filme, interpretada por Sarah Polley, e a professora Sara) conseguem, não com pouca resistência e sofrimento, desmontar suas armadilhas e armaduras internas graças a uma escuta amorosa, feita de avanços e recuos, num tecido narrativo construído com extrema delicadeza.
A Vida Secreta  Das Palavras
A vida secreta das palavras
Morgana/Noemia, em sua dupla face de escritora/psicóloga, sabe evitar as soluções fáceis e as classificações simplistas. O aspecto “curativo” da narrativa não descarta os desencontros e as impossibilidades; a composição do drama não cede às caricaturas dos vilões e mocinhos. A verdadeira tragédia aqui exposta é a da incomunicabilidade humana, construída e alimentada pela intolerância e pela dificuldade, quando não incapacidade de se entender o outro, esse indecifrável enigma.