
— Você está sentindo o mesmo que eu? – ela sussurrou e lhe apertou a mão.
— Não sei – ele disse, a voz repentinamente rouca.
Dolores acariciou-o na face, nos lábios, o rosto dele ruborizou-se e toda a pele esquentou. O fogo espalhava-se.
— Vamos ficar juntos? – ela sussurrou novamente, como se juntos já não estivessem.
Em vez de responder, Fred enrijeceu-se, tentava controlar-se; não deveria ser injusto com Dolores, ela era sua amiga! Como conseguia pensar em dever ou justiça num momento como esse, não foi possível entender.
— Vamos – ela insistiu. – Sei que você está sentindo o mesmo que eu.
— Dolores... você precisa saber... – começou a dizer, engasgado, enquanto uma mão tocava-o na nuca e a outra escorregava pela abertura de sua camisa. Ainda assim ele continuou: – Tive uma namorada no Brasil, de quem não me desliguei totalmente.
— Não se aflija – Dolores murmurou tranquilizadora. – Você não tem de se desligar – acrescentou a olhá-lo com seu olhar molhado e... insuportável.
— Não se trata disso – Fred parecia lamentar. – É que... bem... não quero compromissos, namorar ninguém seriamente – quase venceu a luta contra o fogo.
— Não é namoro – Dolores disse baixinho, seu hálito atiçando o fogo de Fred, ela ofegava. – O que eu quero – com os olhos fixos nos dele, abria-lhe a camisa, botão a botão – é apenas – suspirou – viver isso agora. Você quer?
— Eeu... – gaguejou, envolto por labaredas vorazes que lhe afugentaram a razão. Não mais se controlou; acariciava-a quase violento e mergulhou num gozo desvairado várias vezes até extinguir o fogo.
(Trecho do "Enseada do Segredo", 1ª edição)
2 comentários:
Hoje consegui entrar em seu Blog.
Fiquei fascinada, acredite!
Há muitos anos atrás nos conhecemos num restaurante, tanto tempo se passou e quanta coisa mudou. Agora lhe vejo poeta, escritora de uma sensibilidade incrível. Parabéns Morgana! Voce ganhou mais uma fã!
Alam de ewscritora, traduz com beleza e doçura o desejo na literatura. Muito bom!
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