15 de novembro de 2011

"Uma questão tão simples"




Raios de lua não te trazem a mim,
as ondas do mar não dizem teu nome.
Procuro tua palavra, o verbo
com que materializaste o mundo.
No deserto do meu querer
o vento não me responde,
a flor emudece ao me ver.
Procurando-te manchei as estrelas
com o sangue de meus pés peregrinos.
Mergulhei em buracos escuros,
pesados, sem fim, sem tamanho.
Vaguei, minha alma dorida, exangue.
Deus onde te escondes?
Por que te fazes tão difícil de ser,
impossível de abandonar?
Ateus te projetam em si
ou na matéria universal,
crentes em misteriosas figuras
ou no poder que vislumbram
em ti e querem alcançar.
Estás em tudo e em nada
mas a mim não respondes
uma questão para ti tão simples:
Como curar a dor de todas as eras
que dilacera a humanidade?

Morgana Gazel

Um comentário:

Miguel Martins De Menezes disse...

Belo poema Morgana Gazel, estrofes bem construídas, sonoridade perfeita e conceptualmente belo. Reflecte a eterna procura por Deus materializada no sofrimento humano e na sua incapacidade de o perceber, remetendo a frustração para a negação da sua existência.
Penso que o desabafo que partilhou com os seus leitores a respeito da covardia de um leitor "Incógnito" que tem por hábito enviar-lhe comentários reveladores da sua paupérrima formação moral e intelectual, a esta hora deve estar dejectando a sua frustração em cima do prato que lhe serve de repositório para a porcaria que todos os dias ingere na sua boca conspurcada pela própria miséria que o consome. Belo escritora e poetisa Morgana Gazel, bem haja por o partilhar aqui! Miguel Martins de Menezes