22 de fevereiro de 2013

EM NOME DE DEUS

Artigo de Rogéria Gomes, publicado no jornal A Tarde, em 07/02/2013. Vejam o que ela diz:


Desde que o homem deu conta de si, a vaidade e a ganância estão entre as predileções humanas, invadindo a passos galopantes o mundo dito civilizado.  Basta dar uma olhadinha na História. É assim mundo afora e em nosso quintal, na terra brazilis que tudo frutifica a coisa não é diferente e no campo chamado religioso frutifica a cem por um.
Em nome de Deus mata-se, corrompe-se, frauda-se, engana-se, faz-se o que se bem entende do jeito mais conveniente a quem o faz.
É bem verdade que só há o enganador por permissão ou tolerância do enganado, no entanto o que se vê é uma realidade deprimente, sofrível, assustadora e muito longe da verdade creditada ao autor.   Não só é lamentável como escandalizador assistir homens que se dizem ‘pastores’ acumularem verdadeiras fortunas além de benefícios incompatíveis ao oficio que dizem exercer. É o que temos visto com pesar e muita freqüência, em publicações e noticiários diversos e recentes.  Qualquer sacerdócio por essência deve ser exercido por pessoas cuja conduta seja digna do mesmo, sendo exemplo em primeiro plano. No caso evangélico significa nada mais que promulgar a salvação do homem sem qualquer custo, pagamento, indulgência ou algo similar. O céu não tem preço, não está e nunca esteve a venda.  Não importa o credo, qualquer sacerdócio deve honrar sua titularidade.
O vetor apresentado por algumas igrejas ‘evangélicas’ mostra certo desequilíbrio em suas pregações, focando exclusivamente na prosperidade, neste caso deixa de ser Deus o sujeito da ação, tornando-se servo e não Senhor. Seria este o evangelho legítimo?
Não se tem noticia de que qualquer apóstolo, seguidor dos passos de Jesus, se tenha tornado rico, quiçá milionário, aliás, o exemplo maior vem do próprio Cristo que segundo a bíblia ‘ não tinha onde repousar a cabeça’ e cuja dedicação foi valorizar pessoas, em especial as excluídas.  Mais uma vez na História o homem quer valer-se de Deus para ser maior e melhor que o próprio, acima de princípios e conceitos do bem e mal. Não se pode servir a dois senhores ao mesmo tempo, eis a questão. A quem servem? O tempo se encarregará de mostrar, mas ao saber dos desvios devemos denunciá-los, sim! Ficamos também com a certeza consoladora de que contra fatos não há argumentos, quem viver verá o gran finale, para bem de todos e felicidade geral, em nome de Deus.

Rogéria Gomes / Jornalista e escritora
Autora do livro As Grandes Damas
Contato: grandesdamas@hotmail.com