11 de dezembro de 2013

LIBERDADE NEGADA - Resenha publicada no jornal A Tarde, Salvador, em 10/12/2013.


Por PATRICIA LINS

História, drama, romance, família, ditadura militar, violência, morte, perdas, mudanças, inquietação, questionamentos, reflexões, emoções, sentimentos, dúvidas, injustiça... Todos estes elementos, e muito mais, compõem o segundo romance da escritora, poeta e psicóloga Morgana Gazel – pseudônimo literário de Noemia Nocera.
Seu estilo literário leva-nos a ter vontade de ler e ler e ler até o fim, por sinal, bastante incomum. Como fez em seu primeiro romance “Enseada do Segredo”, Morgana Gazel nos conduz, no “Liberdade Negada”, num ritmo dinâmico a um ápice inesperado e a um final que nos deixa boquiabertos, tamanha a capacidade da escritora em surpreender.
A obra retrata a história de Sara. Aos 11 anos de idade, ela vive feliz com sua família, quando estoura o golpe militar de 1964. Aos 17 anos, envolve-se com um militante da esquerda e comete um erro imperdoável aos olhos dos guardiões do regime, entre eles o seu pai, tenente-coronel do exército. Após alguns dias, percebe que, na escola, está sendo seguida por pessoas misteriosas. Às escondidas, a mãe e os tios enviam-na para outro país. Este livro de forte conteúdo psicológico, histórico e cultural, é o segundo de uma trilogia que teve início com Enseada do Segredo (2008) e que se completará com A Carta da Mãe, novo romance já iniciado.
Em suas histórias inventadas, Morgana Gazel consegue traduzir em palavras os dramas humanos reais. Assim como “Enseada do Segredo”, romance mais leve, ainda que com conteúdo profundo, o “Liberdade Negada” (Cogito Editora) é ambientado na época da ditadura militar. Neste, porém, ela penetra mais intensamente naquele período. E nos conduz numa viagem no tempo sem que percebamos que estamos saindo daqui, do presente. É tudo tão real e “cotidiânico” - sentimos como se estivéssemos vendo acontecer em real time - que impressiona. Impressionar, surpreender..., estes adjetivos não são fortes o suficiente para qualificar o trabalho dessa autora.
A obra tem o prefácio do escritor e doutor em literatura Carlos Ribeiro, que compara o livro com um dos mais interessantes filmes contemporâneos, A vida secreta das palavras (2005),  da diretora espanhola Isabel Coixet. Ribeiro destaca que “pelo traçado da obra, pode-se acreditar que Morgana Gazel, percebe a palavra e o ato de narrar como instrumento para a cura emocional e espiritual”.


PATRICIA LINS / PUBLICITÁRIA, RELAÇÕES PÚBLICAS, RADIALISTA, BLOGUEIRA, PROFESSORA E POETA.



7 de novembro de 2013

Book Trailer do Livro Liberdade Negada

Através de sons, imagens e palavras, você terá uma fantástica visão da história de Sara, a protagonista do romance Liberdade Negada, de Morgana Gazel.




17 de outubro de 2013

LIBERDADE NEGADA

Prefácio de Carlos Ribeiro
Jornalista, professor, ficcionista,
Ensaísta e doutor em literatura brasileira.
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Liberdade Negada
Neste segundo volume da trilogia iniciada com o romance Enseada do Segredo, Morgana Gazel afirma um fazer literário cuja principal característica é a de comunicar uma experiência humana intensa e rica, numa linguagem sóbria, acessível e despojada de artificialismos. Para a autora, a literatura deve atingir o maior número possível de leitores, razão pela qual é preciso conciliar simplicidade e profundidade, o que nem sempre é muito fácil. Tocar a sensibilidade do leitor que aprecia uma boa trama amorosa, por exemplo, pode ser o viés adequado, como no presente livro, para realizar, no decorrer da história, um objetivo mais ambicioso: o de proceder à escavação, gradual e às vezes perturbadora, dos conflitos e traumas de seus personagens.
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Carlos Ribeiro
Em Liberdade negada, o que se apresenta, inicialmente, como uma estratégia afetiva entre os protagonistas, Fred e Sara, desdobra-se em camadas nas quais se encontram significados cada vez mais complexos: da dimensão individual da misteriosa personagem feminina aflora uma dimensão política que estende suas raízes para os obscuros “anos de chumbo” da ditadura militar implantada no Brasil, em 1964. Procede, assim, a autora, a uma análise que ultrapassa a dimensão psicológica, pessoal, para radiografar as nefastas consequências advindas da intolerância ideológica – inclusive, e sobretudo, no âmbito doméstico, no espaço íntimo dos afetos familiares.
Nesse sentido, este livro é também um “romance de formação”, construído retrospectivamente através do depoimento – pungente e doloroso – de Sara ao seu amoroso interlocutor. Ao narrar a dramática travessia que realiza, desde o paraíso perdido da infância e adolescência, até o despertar de sua consciência social e política na relação com o pai, tenente-coronel do Exército, com a prima Maria Augusta e com o ativista político de esquerda, Flávio, seu primeiro namorado, Sara realiza sua odisseia pessoal em busca da compreensão e, consequentemente, da cura para a dor profunda que lhe foi infligida por sucessivas perdas e humilhações.
Morgana Gazel
Morgana/Noemia
Pelo traçado de sua obra, pode-se acreditar que Morgana Gazel (pseudônimo da psicóloga e matemática Noemia Meireles) percebe a palavra e o ato de narrar como instrumento para a cura emocional e espiritual. Nessa perspectiva, este livro guarda um interessante parentesco com um dos mais interessantes filmes contemporâneos, A vida secreta das palavras (2005), da diretora espanhola Isabel Coixet. Em ambos os casos, as duas protagonistas femininas (a enfermeira Hanna, personagem do filme, interpretada por Sarah Polley, e a professora Sara) conseguem, não com pouca resistência e sofrimento, desmontar suas armadilhas e armaduras internas graças a uma escuta amorosa, feita de avanços e recuos, num tecido narrativo construído com extrema delicadeza.
A Vida Secreta  Das Palavras
A vida secreta das palavras
Morgana/Noemia, em sua dupla face de escritora/psicóloga, sabe evitar as soluções fáceis e as classificações simplistas. O aspecto “curativo” da narrativa não descarta os desencontros e as impossibilidades; a composição do drama não cede às caricaturas dos vilões e mocinhos. A verdadeira tragédia aqui exposta é a da incomunicabilidade humana, construída e alimentada pela intolerância e pela dificuldade, quando não incapacidade de se entender o outro, esse indecifrável enigma.

21 de setembro de 2013

LIBERDADE NEGADA - Sinopse

Sara, onze anos, filha de um tenente-coronel do exército, vive feliz com sua família. Desconhece qualquer conceito de política, quando estoura o golpe militar de 1964.
Mas, através de uma prima mais velha da qual é muito amiga e de colegas que frequentam o diretório da escola, apreende informações acerca de política, filosofia e do que ocorre no país, de modo que passa ter uma ideia pessoal da realidade de então.
Aos dezessete anos, envolve-se com um militante da esquerda e comete um erro imperdoável aos olhos dos guardiões do regime, entre eles o seu pai, tenente-coronel do exército. Após alguns dias, percebe que, na escola, está sendo seguida por pessoas misteriosas. Às escondidas, a mãe e os tios enviam-na para outro país. Transcorrem quatro anos e meio.
Sara volta ao Brasil, conhece Fred, pai de um garoto de quem se torna professora. Começam a sair juntos. Numa ocasião, enquanto os dois conversam num bar, ela entra em crise de choro ao ouvir, pelo rádio, que um homem foi morto na prisão de um órgão da segurança militar. Fred hospeda-a em seu apartamento e a incentiva a contar o que a aflige de forma tão desesperadora. Sara relata uma longa história em que se misturam cenas do cotidiano, um grande amor, conflitos familiares, violência e morte.


NOTAS:
1. Leia este livro e o 'Enseada do Segredo' para saber detalhes e pontos fortes de ambas as historias que fazem parte de uma trilogia.

16 de setembro de 2013

Educar é, antes de tudo, conscientizar



Isto significa que conscientizar se insere em todo o processo educativo. Vejamos. Proponho que educar é envidar ações que levem o educando a tomar conhecimento e fazer uso das condutas necessárias a seu desenvolvimento físico; a reconhecer seus padrões construtivos e destrutivos e a lidar com eles de modo adequado; a distinguir seu papel nas relações interpessoais; a se tornar ciente de seus direitos e deveres no âmbito social; a perceber que o aprendizado intelectual é um instrumento imprescindível à aquisição da liberdade de pensar e da capacidade de fazer escolhas adequadas; por último, a se dedicar a este aprendizado.
Esta concepção de educar é apenas um detalhamento baseado numa definição do Aurélio, que diz: Educação é o processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor integração individual e social.
Se atentarmos cuidadosamente no que proponho como objetivos das ações educativas, veremos que a família tem um papel preponderante na consecução deles. Somente os dois últimos exigem a participação da escola, embora ela deva contribuir para que os demais sejam igualmente alcançados.
Ora, os pais, em sua maioria, não têm condições de cumprir todos os requisitos referentes a seu papel de educadores, pois não foram suficientemente educados. Se o filho bate em outra criança, eles se mostram compreensivos, caso contrário ficam furiosos. À noite, horário em que geralmente os membros da família têm oportunidade de interagir, uns se ocupam assistindo à TV, outros no computador. E assim segue a vida.
Se a criança chega à escola com pouca ou nenhuma educação doméstica, terá grande dificuldade de se adaptar ao novo ambiente, principalmente porque grande parte dos professores não está preparada para lidar com aluno difícil. É bom lembrar que os docentes podem também ter tido uma família incapaz de exercer satisfatoriamente o dever de educar. A coisa toda se complica ainda mais, quando um deles toma uma medida, às vezes correta, com a finalidade de corrigir uma conduta deseducada, e os pais do aluno em questão revoltam-se e o agridem. O prejuízo do professor será apenas o mal-estar, o do aluno será provavelmente jamais se tornar um verdadeiro cidadão.
Os efeitos das falhas no processo educativo alastram-se em toda a sociedade, vão até nossos governantes; muitos deles certamente vieram de lares e escolas que falharam neste aspecto. Como consequência, chafurdam no exercício da não cidadania e, portanto, não têm nenhum interesse em mudar tal situação.
Que fazer então diante desta realidade? Você deve estar perguntando-se, caso tenha tido a sorte de ser educado adequadamente. Difícil responder. Mas tenho sido assaltada por um sonho louco, no qual todos os verdadeiros cidadãos contribuem de alguma forma para educar pelo menos uma pessoa fora de sua família. No futuro deste sonho, nossos bisnetos são os pais, e o mundo é um lugar bem melhor de se viver.

MORGANA GAZEL,  autora de romances, poemas e contos.

NOTA: Artigo publicado no jornal A Tarde. Salvador – Quinta-feira, 19/7/2012. Imobiliário, página 6.



27 de agosto de 2013

ENSEADA DO SEGREDO – Sinopse


Fred reside com a mãe num subúrbio à margem de uma aprazível enseada. Tem dois amigos sinceros, conquista a garota sonhada, participa de jogos de futebol e vence um importante torneio de natação.

No entanto tem sonhos incompreensíveis e é invadido por devaneios que o deixam infeliz e ressentido. Isso parece indicar que há algo errado em sua vida! Ele pouco sabe do pai, de quem ficou órfão antes de nascer, o que conseguiu arrancar da mãe não o satisfaz. Também desconhece o que acontece no país por trás da aparente normalidade, somente ouve comentários acerca de desaparecimento de pessoas, os jornais nada noticiam.

Numa noite insone, resolve ir à cozinha tomar um copo de leite. Ao passar em frente do quarto da mãe, paralisa-se: ela chora e fala com alguém pelo telefone. Ao escutar uma frase clara e desesperada, sente-se atravessando um túnel que o leva de um mundo ilusório para um real de extrema crueldade, onde terá de enfrentar uma verdade inimaginável. Incapaz de suportar tal situação, abandona os amigos, a namorada, a enseada e vai embora para outro país.

Quando enfim se acostuma à condição de estrangeiro solitário, encontra uma carta sobre o tapete à entrada do seu quarto. Apalpa-a, sacode, com as mãos trêmulas, parece temer as notícias que ela lhe traz. E, de fato, a leitura deixa-o transtornado.

O que faria agora? Naquele instante, Fred não conseguia responder.


Morgana Gazel - autora 

9 de agosto de 2013

O escritor, seu papel e desejo


(Artigo publicado no jornal A Tarde, em 31/08/2013, caderno Classificados)

Prefiro começar pelo desejo, questão mais complexa, com frequência, irreconhecível até por quem o sente.
Alguns escritores dizem que, ao escrever, desejam apenas se expressar. Para que então publicar? Por que não guardar numa gaveta o fruto dessa expressão? Seria compreensível que o mostrassem aos amigos, como é comum pessoas fazerem quando adquirem ou produzem algo que consideram importante.
A discrepância, entre o que o sujeito diz e faz, denuncia que ele não sabe ou teme declarar o que se passa consigo. Plagiando a frase de Shakespeare, “Há mais coisas entre o Céu e a Terra do que supõe nossa vã filosofia”, ouso afirmar: Há mais coisas entre os sentimentos e sua não percepção ou não aceitação, do que supõe nossa vã filosofia. Neste caso, costumamos chamar as tais coisas de defesas inconscientes, das quais também dificilmente nos damos conta.
Quem quiser descobrir o que o leva a escrever precisa perscrutar-se cuidadosa e corajosamente. Talvez se depare com mais respostas além da corriqueira: expressar-se. Exemplo de algumas delas: entreter ou entreter-se de modo a aliviar as tensões cotidianas; ser compreendido, mostrando o que sente e pensa; ser admirado; ficar rico e famoso; ser reconhecido pela classe social mais intelectualizada; informar o que imagina que a maioria dos leitores desconhece; contribuir para a ampliação da consciência subjetiva e social; etc.
Quanto ao papel, observando os significados desta palavra no Aurélio, “atribuição de natureza moral, técnica, etc.” e “desempenho”, podemos pensar que se refere à forma que o escritor escreve e à sua ética. Ele tem um estilo próprio? Seus escritos são originais ou quase uma cópia de alguma obra atual bem-sucedida ou antiga e de domínio público? Notifica quando seu texto é baseado em outro ou numa situação real? Se seu produto é uma história, o narrador é honesto com o leitor?
O desejo, considerando-se o que foi dito acima, às vezes nem quem o sente consegue identificar, porém estas e outras perguntas podem ser involuntariamente elaboradas por qualquer leitor atento e com algum conhecimento literário, de modo que lhe salta aos olhos se o escritor cumpre ou não adequadamente seu papel.
Parabéns ao escritor que ao ler este artigo não se reconhece em nenhum dos aspectos, digamos, tidos pelo bom senso como negativos.


Morgana Gazel
Escritora e psicóloga
Autora de romances, poemas e contos.

1 de agosto de 2013

Poema contemplado no concurso de poesia CEPA-62 ANOS (5º lugar).












Aletologia

No embate entre você e eu
me refiz me transformei.
A palavra era de prata,
apenas no Ateneu.
Percebi, despertei.

O verbo se tornou carne
passageira como a brisa.
O som, no espaço, é imune.
O saber, no silêncio, se eterniza.
 
Morgana Gazel

22 de julho de 2013

Vale Cultura: Pra valer?

Artigo de Rogéria Gomes
          
         A cultura está na predileção do povo, mas não na mesma proporção na esfera das políticas publicas.  Qualquer ação no sentido de valorá-la, é sempre muito bem-vinda. O Brasil é incontestavelmente um país com talentos incríveis e produções das mais diversas competências sem, contudo, chegar a todos.
         Vez por outra boas novas acontecem como é o caso do vale cultura, a ser implantado como noticiado, no segundo semestre. O valor ainda é modesto, R$50,00/mês, mas vai beneficiar grande parcela da população, em torno de um milhão de trabalhadores formais, que poderão investir este valor em um amplo leque de atividades culturais. Sendo possível assim, ir ao teatro um mês, adquirir livros em outro, ir cinema, visitar exposições, e daí por diante.
Muito tem sido discutido sobre o que pode ou deve ser incluído neste pacote, de todo jeito seja como for vai colaborar, é fato. O vale cultura chega mais que na hora, com a intenção de corrigir esta lamentável desigualdade, no entanto vale aqui um pequeno parêntese sobre alguns pontos. O primeiro deles, seja talvez o mais preocupante, diz respeito aos equipamentos culturais tão deficientes em muitos lugares e, em outros tantos, inexistente, especialmente nas periferias das grandes cidades e nos pequenos municípios, em particular no Norte e Nordeste do país. Pesquisas apontam que em torno de 90% dos municípios não tem salas de projeção e mais de 70% não possuem teatros ou salas de espetáculos. Este é o lado ruim da história. De que adianta dar peixe sem o anzol para novas conquistas? Por outro lado esta medida pode impulsionar e estimular a criação, adequação e recuperação de espaços capazes de atender ao mercado cultural.
       Público com certeza não faltará, os brasileiros dão prova constante de seu interesse e presença em ambientes culturais; não raro, podemos encontrar filas imensas ao redor dos teatros, mostras de artes plásticas, nos cinemas, enfim, aparecendo a chance o povo está lá, comparece. Quer substancia e conteúdo, não só luxo.
        Enfim, um país que toma fôlego em tantas áreas, fica a ávida torcida para que a cultura inicie um caminho próspero e sem volta, ao alcance de todos e venha ser consumida como prato principal de uma nação tão diversa e brilhante artisticamente.  Lúcido pensar e acreditar nas palavras do poeta espanhol Antônio Machado, ”caminhante não há caminho. Faz-se caminho ao andar”. Caminhemos.

Rogéria Gomes
Jornalista e escritora
www.infoconews.com.br / Coluna Revista Cultural
Membro Associação Internacional Poetas Del Mundo
Dica : " As Grandes Damas E Um Perfil do Teatro Brasileiro" - Ed. Tinta Negra

Leia e comente!

20 de maio de 2013

MORGANA GAZEL conta:



O que acontecerá entre Fred, o protagonista do romance "Enseada do Segredo" e Sara? A resposta é quase impossível de se imaginar. Mas veja um pequeno esboço da história "Liberdade Negada", em que eles se encontram:
Durante a ditadura militar no Brasil, Sara, filha de um tenente-coronel do exército, envolve-se com um ativista da esquerda e é flagrada distribuindo panfletos que esclarecem o povo acerca do regime. Em consequência deste ato, é obrigada a fugir para outro país, onde recebe uma notícia tão terrível que, mesmo não sendo mais necessário, permanece no exílio durante quatro anos e meio. 
Mas a necessidade de esclarecer algumas questões íntimas obriga-a a retornar à sua terra. Então conhece Fred, pai de um garoto do qual, neste ínterim, ela se torna professora. Numa ocasião, enquanto os dois conversam num bar, entra em crise de pânico ao ouvir pelo rádio uma notícia sobre a morte de um homem na prisão. 
Fred acolhe-a de modo que Sara consegue contar o que lhe havia acontecido. Neste relato, misturam-se amor, estratégias perigosas para manter escondido um namoro impossível, conflitos familiares, violência, fuga e morte. 


NOTAS:
1. Leia o "Enseada do Segredo" e o "Liberdade Negada" para saber detalhes e pontos fortes de ambas as historias que fazem parte de uma trilogia.



6 de maio de 2013

Televisão a favor da cidadania



ROGÉRIA GOMES


Que a televisão trata com prioridade o entretenimento não há dúvida, basta uma rápida zapeada para constatar independente do canal, se aberto ou não, mesmo sendo a informação pré-requisito oficial para o funcionamento da TV. O horário e público alvo também não influem, dar ibope é o que importa.

As telenovelas geralmente procuram tratar de temas de interesse social, às vezes como mero pano de fundo, mas há exemplos que acertam o alvo abrindo espaço para a discussão, reflexão e renovando o olhar sobre algum assunto conhecido e não comentado abertamente. No caso da novela ‘Salve Jorge’ exibida pela rede Globo o assunto principal é um dos crimes mais cruéis: o tráfico de pessoas para exploração sexual. Um crime perverso e considerado invisível, já que as denúncias efetivas são muito inferiores à realidade.

Apesar das ações do governo o quantitativo de mulheres traficadas é absurdamente alto e o resultado no combate a este crime ainda é muito tímido.

No Brasil a estatística é assustadora: entre 2005 e 2011, 337 mulheres foram vitimadas para exploração sexual, levadas para Espanha, Holanda e Suriname, países de preferência das quadrilhas, conforme dados publicados no Jornal 'O Globo'. O apelo comum é um ótimo e sedutor negócio, emprego rápido e fartura financeira em curto prazo, o que atrai preferencialmente pessoas cujo perfil é a baixa escolaridade e que vivem em dificuldades financeiras e estruturais. Descoberta a real atividade para qual foram ‘convidadas’ ficam as vítimas de pés e mãos atados e para reverter à situação é preciso quase um milagre. Esta novela, portanto, independente de juízo de valor, presta-nos um excelente serviço mostrando de forma clara o agir das quadrilhas que operam no tráfico humano e as atuações extremamente danosas às vitimas e suas famílias. O quadro é lamentável e muito triste, mas a boa notícia é o recente pacote apresentado pelo Governo Federal com 115 metas contra o tráfico internacional de pessoas, que reúne entre outras medidas a punição mais severa as pessoas envolvidas neste tipo de crime além da presença mais atuante das Forças Armadas nas fronteiras. Medidas possivelmente aceleradas em razão do que nos mostra a novela, não importa, a questão é urgente e ações mais rigorosas devem ser prioridade.

Sem dúvida a mídia pode e deve colaborar de toda forma possível, esse é o seu papel, especialmente quanto à comunicação de massa por seu alcance incalculável, fortalecendo uma corrente salutar ao país.

Não há bem mais valioso que a informação, com ela podemos mudar o rumo da história, por isso uma vez cônscios devemos denunciar sem medo, auxiliando a combater esta terrível estatística.

Neste caso a televisão apresenta um belo exemplo a ser seguido por outras mídias igualmente importantes nos ajudando a vislumbrar um Brasil de fato e de direito para todos, além do slogan que tão bem conhecemos.

ROGÉRIA GOMES / JORNALISTA E ESCRITORA

Artigo publicado no jornal A Tarde. Salvador, quarta-feira, 10.4.2013. Populares, página 11

29 de março de 2013

Escritor, o guardião do idioma


Além de contar uma boa história, seja triste ou hilária, sua trama cheia de mistério ou evidente, tenha ou não conteúdo histórico, cultural, etc., o escritor tem, entre outras, uma importante responsabilidade: cuidar do idioma.

Revendo alguns dos livros que li – D. Casmurro, de Machado de Assis, Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos, Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa e Laços de Família, de Clarice Lispector –, constatei, agora com o olhar de escritora, o cuidado que estes autores dispensavam à ortografia, à sintaxe e à dimensão conceitual da escrita. 

No entanto, em algumas obras atuais, observa-se uma espécie de relaxamento dos autores no que se refere a estes aspectos. Por exemplo: inserem vírgulas à vontade e em lugares inconvenientes; fazem uso de relações inadequadas entre orações principais e suas complementares; introduzem pleonasmos, cacofonias e redundâncias sem qualquer objetivo literário. Àqueles de olhar mais apurado, muitos desses erros soam como pedradas. 

Alguns escritores consideram que sua função se restringe a escrever. Mas isso implica em esperar do revisor, se contratado, uma tarefa às vezes impossível: fazer a correção sem alterar a ideia intencionada, a despeito dos erros, mesmo que estes dificultem a compreensão dos trechos nos quais se encontram. É importante lembrar que todo autor tem pelo menos o objetivo de manifestar suas ideias de acordo com o que apreende da realidade tangível ou intangível. Se ele entregar a um revisor um texto cuja clareza foi prejudicada devido à má qualidade da escrita, corre o risco de publicar o avesso do que pretendia. 

Estes, porém, são os menores dos prejuízos, o maior é oferecer uma leitura que ajudará no empobrecimento do idioma, consequentemente no empobrecimento da capacidade de o leitor pensar e expressar seus pensamentos e sentimentos. Ora, quem não se expressa não dialoga com o mundo, quem não pensa não consegue fazer juízo de valores. Então como tais pessoas conseguirão compreender o que são direitos e deveres? E, se não lograrem um mínimo desta compreensão, o que ocorrerá com a sociedade em que vivem? No que concerne a isto há muito a conjeturar, mas considerando apenas o que foi analisado podemos concluir: o empobrecimento do idioma contribui para dificultar a aquisição de valores necessários à condição de cidadania. 

Portanto nós, escritores, temos somente duas opções: ou desenvolvemos a habilidade no uso da linguagem, de modo a assumirmos, como nos for possível, o papel de guardiões do nosso idioma; ou desprezamos esta habilidade, mas sabendo que estaremos atuando como agentes de destruição deste idioma e que seremos os responsáveis pelas consequências disso. 


Morgana Gazel, autora de romances, poemas e contos.

22 de fevereiro de 2013

EM NOME DE DEUS

Artigo de Rogéria Gomes, publicado no jornal A Tarde, em 07/02/2013. Vejam o que ela diz:


Desde que o homem deu conta de si, a vaidade e a ganância estão entre as predileções humanas, invadindo a passos galopantes o mundo dito civilizado.  Basta dar uma olhadinha na História. É assim mundo afora e em nosso quintal, na terra brazilis que tudo frutifica a coisa não é diferente e no campo chamado religioso frutifica a cem por um.
Em nome de Deus mata-se, corrompe-se, frauda-se, engana-se, faz-se o que se bem entende do jeito mais conveniente a quem o faz.
É bem verdade que só há o enganador por permissão ou tolerância do enganado, no entanto o que se vê é uma realidade deprimente, sofrível, assustadora e muito longe da verdade creditada ao autor.   Não só é lamentável como escandalizador assistir homens que se dizem ‘pastores’ acumularem verdadeiras fortunas além de benefícios incompatíveis ao oficio que dizem exercer. É o que temos visto com pesar e muita freqüência, em publicações e noticiários diversos e recentes.  Qualquer sacerdócio por essência deve ser exercido por pessoas cuja conduta seja digna do mesmo, sendo exemplo em primeiro plano. No caso evangélico significa nada mais que promulgar a salvação do homem sem qualquer custo, pagamento, indulgência ou algo similar. O céu não tem preço, não está e nunca esteve a venda.  Não importa o credo, qualquer sacerdócio deve honrar sua titularidade.
O vetor apresentado por algumas igrejas ‘evangélicas’ mostra certo desequilíbrio em suas pregações, focando exclusivamente na prosperidade, neste caso deixa de ser Deus o sujeito da ação, tornando-se servo e não Senhor. Seria este o evangelho legítimo?
Não se tem noticia de que qualquer apóstolo, seguidor dos passos de Jesus, se tenha tornado rico, quiçá milionário, aliás, o exemplo maior vem do próprio Cristo que segundo a bíblia ‘ não tinha onde repousar a cabeça’ e cuja dedicação foi valorizar pessoas, em especial as excluídas.  Mais uma vez na História o homem quer valer-se de Deus para ser maior e melhor que o próprio, acima de princípios e conceitos do bem e mal. Não se pode servir a dois senhores ao mesmo tempo, eis a questão. A quem servem? O tempo se encarregará de mostrar, mas ao saber dos desvios devemos denunciá-los, sim! Ficamos também com a certeza consoladora de que contra fatos não há argumentos, quem viver verá o gran finale, para bem de todos e felicidade geral, em nome de Deus.

Rogéria Gomes / Jornalista e escritora
Autora do livro As Grandes Damas
Contato: grandesdamas@hotmail.com